quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CONTEXTO SOCIAL


Risos sem brilho
e sons de lamento
invadem meus ouvidos,
transbordam minha emoção.
Ah! Miséria humana.
Essa miséria me incomoda,
ocupa minhas noites
quando a insônia se deita comigo.
Mulheres sofridas,
crianças desamparadas,
homens sem brio
compõem esse contexto social.
Balanço a cabeça,
tento afastar imagens malditas.
Não consigo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

CONTESTAÇÃO

Brigo hoje
com ansiedade
de quem já não suporta
ausência de soluções.

Vivo a agonia
de olhar à volta
e não perceber indignação
nos meus interlocutores.

Ombros curvados,
fazem uma legião
de mansos
loucos mansos.

Trocam suas almas
pelo pão de um dia,
que lhes será tirado
na manhã do dia que virá.

Vendem seus irmãos,
fecham os olhos,
vestem fantasias
e se amesquinham sempre mais.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CONTAGEM REGRESSIVA

Fico assim - parada.
E já sinto no peito
a dor que há de vir.
A gente vai ficando
no hoje,
pensando no amanhã,
até que tudo seja ontem.
Caminhando ou não,
sabemos que esse existir
será sempre
contagem regressiva.
E vêm as marcas,
rugas, sulcos,
numa pele antes bela
e afável.
E ficamos...
Até que uma bomba atômica
venha nos desintegrar,
venha fazer-nos pó.
E nos perguntamos:
Vale à pena?!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

COISAS DE "PEQUENO PRÍNCIPE"

Quero estar em teus momentos
sejam eles quaisquer
e em pequeninas coisas
fazer nascer teu amor.
O encontro no portão,
o abraço apertado,
a briga sem razão...
Tudo eu quero tanto!
Mas se não puder nem tentar
como poderei te cativar?!
E se não te cativar,
será que ainda assim
me sentirei
responsável por ti?

(Lembranças de Saint Exupéry)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

DIFICULDADES DESSES DIAS

Chove intensamente e o céu é riscado por raios que acendem luzes indesejadas. O vento forte alimenta o medo gestado pela impotência e produz arrepios em corpos encolhidos em cantos de casas inseguras.
A mãe natureza, cansada de “padecer” no paraíso dos humanos, resolveu mostrar-se madastra. Nada mais de ser previsível como no passado. Estações adequadas aos seus perfis? Nem pensar!
O custo de ter muito mais do que pede a essência do existir, faz com que o adocicado sabor dos prazeres tenha um resíduo amargo, aos moldes da sacarina. Nos 3 Ds da vida tecnologizada  o realce fica por contra do cultivo de desequilíbrio, destruição e desmandos.
Vidas são levadas por correntezas ou sepultadas por avalanches de lama. Vidas são ressequidas ao sol em áreas que sofrem síndrome de Saara. Vidas caminham sem rede de proteção na corda bamba da ilusão pós-moderna. Vidas seguem na escuridão de ser criação distante do Criador. 

CHUVA DE PENSAMENTOS

Essa chuva fina
molha minha mente,
germinando sementes
de pensamentos comuns
ou censurados:
O capitalismo
e a fome;
o comunismo
e a liberdade perdida;
o radicalismo
e “deuses” que matam;
a morte
temida na vida;
a vida
perdida na morte...
Minha cabeça molhada
abriga pensamentos
de que tudo é nada,
de eu sou ninguém,
e o hoje,
é apenas o amanhã
de ontem.

CAMINHADA


Aperto o passo,
sigo rastros
de meias verdades.

Busco respostas!
Até onde
devo ir???

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SAUDADE

Dentre os nossos sentimentos todos, a saudade está entre aqueles que mais expõem a nossa impotência diante do poderoso tempo. A vontade de voltar o relógio, o calendário, começa ainda na juventude e nos segue em todo o sempre.
Olhando para trás, vez por outra nos vem a saudade de um tempo em que não percebíamos o tempo. Tempo em que acreditávamos que o futuro era apenas o porvir de sonhos por realizar, sonhos que pensávamos estivem sob o nosso domínio e determinação.
Saudade! Saudade da infância, de certos vizinhos, do tempo da timidez, do tempo da “ignorância”, de uma determinada festa, daquela oportunidade de um desabafo, de um abraço solidário, de uma música especial, do colo de mãe, de determinadas tardes de domingo...
A saudade quando se faz forte move-se em nós de uma forma intensa e às vezes nos faz bem e noutras nos faz mal. Desejada ou não, ela se faz presente em momentos inesperados, despertada por pequenos detalhes. Queiramos ou não, a saudade tem o poder de nos seduzir (com menor ou maior frequência) de forma inevitável.
A saudade como uma espécie de reciclagem do passado abre conclusões e lições para o presente. A saudade sempre vale a pena se vivenciada de forma equilibrada, na medida do aprendizado, do reconstituir da história, abrindo possibilidades de percepções, revisões e retomadas que façam do presente o melhor lugar do mundo.

BUSCANDO VIDA

Percorrer o mundo 
buscando a vida,
querida,
perdida,
a essência,
bem sei...
No passar do tempo
faltou o momento,
supremo,
infinito,
que fosse razão.
Correr ao encalço,
olhar estrelas,
ouvir o vento,
cravar na lapela
uma flor, a mais bela
e tentar viver.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ALIENAÇÃO

Alienação
     Submissão
Caminhos
     Trilhos
Vazios
     Fome
Olhos
     Sombrios...
E os insensíveis
adormecem consciências
com futilidades,
tapando os ouvidos
aos gemidos de fome
que invadem as ruas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

BEIRA MAR


Sol e sal.
O mar quebrando essa tua onda,
fazendo-te lembrar que és mortal;
fazendo-te descobrir razões
para lágrimas e para sorrisos;
trazendo-te sensações de arrepios
e de percepção de beleza à tua volta
e não apenas no espelho.
O sol arde tua pele
colorindo tua existência
e o sal tempera tua alma
nessa metamorfose
em que alcanças outros valores.
E na imensidão
do que agora apreendes
é que te tornas
o mais humano dos humanos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

RASTRO DE VIDA




Esse rastro que é deixado,
pelo amor, pela dor,
mostra traços de uma vida,
mostra traços do que sou.

E seguindo no compasso,
em que me mostro a cada ato,
perco sonhos no caminho
e sigo meu rumo traçado.