sexta-feira, 12 de outubro de 2012

LABIRINTO


Paro...
Olho dentro de mim
e não me entendo!
Caminhar é às vezes algo trágico,
como o corpo do trapezista
que cai em direção a uma rede
nunca colocada.
Sinto frio...
Está frio e busco um calor
que não está no sol.
Já nem sei o que busco.
Não sei chegar ao fim da estrada
e não sei ficar à beira do caminho.
O vento toca-me o rosto
e o torna frio.
Congelo-me no tempo,
perco-me em um labirinto.
Paro...
Olho dentro de mim e não me entendo,
busco-me e não me acho.

terça-feira, 17 de julho de 2012

FOME


Quando a vida fica assim,
sem motivos, sem razão...
Quando a fome fala alto
e a revolta vem,
é preciso ser um mágico,
ter varinha de condão,
pra segurar essa barra,
aguentar esse rojão.
O rosto sempre suado
nessa luta sem vitórias,
traz visível pensamentos
de quem não espera melhoras.
E lembrando as crianças
que em casa
esperam um pedaço de pão,
o coração dói tão forte,
que morte e vida
ficam sem explicação.

terça-feira, 12 de junho de 2012

PRIMAVERA NO INVERNO


Minhas mãos estão geladas
mas a alma, esta segue aquecida.
No entrelaçar de meus braços
o abraço solitário protege meu corpo
do açoite do vento.
É tempo de tirar o casaco do cabide
e de levá-lo ao sol para neutralizar
o cheiro do tempo.
Casas fecham janelas e portas
e luzes são acesas mais cedo.
O chocolate quente
tem cheiro de quero mais
e a névoa que se dissipa pela manhã
remete a pensamentos amenos
e à leveza de espírito.
O inverno produz a beleza do aconchego
e da busca de mãos
e redireciona olhares
para a expectativa alegre
da primavera que em breve virá.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

FLAGELADOS


Flagelados mansos
seguem rumo ao matadouro.
A fome esmaga o ser
o querer
o poder...
Levam no peito
marcas do passado sofrido
e já não buscam a esperança
pois há muito que ela
ficou perdida.
Inertes,
já não esperam sequer
o despertar do pesadelo.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

ESTAÇÕES


Meu coração vai outonizando.
O calor da juventude e vida adulta
vai ficando para trás.
Um tapete vai sendo formado
por lembranças que despencam
de minha história.
O brilho das manhãs,
com névoas se esvaindo
afugentadas por sol ameno,
prenunciam a chegada do inverno
e já me preparo para recebê-lo:
Abraços e aconchegos
podem aquecer a alma.
A primavera, a seu tempo,
ainda que demore,
também virá.
A beleza das cores tecendo vida,
a seu tempo, 
produzirá matizes novas
e reverdecerá esperanças.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

FIM

Soa mal aos ouvidos,
foge ao entendimento,
mas na verdade
“acabou”
define uma realidade.
Onde havia sonhos,
fica o despertar no escuro;
onde havia uma estrada,
perde-se o horizonte;
onde havia calor,
tudo se congela;
onde havia riso
fica o eco do silêncio;
onde havia vida,
fica o vazio da inexistência.
É o fim!...

FICO


Fico perdida,
sumida,
consumida.

Fico parada,
inerte,
quase morta.

Fico...
Se comigo não estás.




segunda-feira, 19 de março de 2012

SIMPLES ASSIM


Plantar para colher
Comer para não sentir fome
Dormir para descansar
Dar passos para transpor distâncias
Estender a mão para ser tocado
Abraçar para ser abraçado
Amar para ser amado
Arrepender-se para ser perdoado
Orar para ser ouvido
Ter fé para ser atendido...
Simples assim.

quinta-feira, 15 de março de 2012

PACIÊNCIA DE DEUS

Mal despertei para a vida
e meu psique levou-me errante
a caminhos tortos.
Complexos levaram-me à vaidade,
inveja levou-me a insatisfações,
egoísmo levou-me a insensibilidades,
desajustes levaram-me a inconsequências.
Muitos estragos foram feitos,
corações machucados,
inclusive o meu.
Não fosse a paciência de DEUS
e, certamente, eu perder-me-ia
irreversivelmente na escuridão
do labirinto do mundo;
Não fosse a paciência de DEUS
e, certamente, eu já teria sido consumida
pela voracidade dos abismos humanos;
Não fosse a eterna paciência de DEUS
e, certamente, eu hoje não estaria
vivendo o privilégio de poder caminhar
na presença do PAI.

terça-feira, 13 de março de 2012

VIDA ETERNA

O vento toca meu rosto e sinto gosto de sorriso fácil,
consequente e prazeroso.
Não consigo manter a cadência dos passos,
preciso parar em contemplação do cenário da vida.
O olhar para o alto desenha em minha retina
a perspectiva do céu,
o olhar para baixo consolida a lembrança de sou pó
e o olhar à volta me faz pensar em DEUS
 – DEUS que contemplo,
na visão do meu semelhante.
A contemplação da vida, na certeza da eternidade,
torna o dia suave e as horas apenas detalhes de um todo
que é o tempo desprovido de poder.
Esse tempo que ensaia acuar-nos,
constranger-nos,  fragilizar-nos,
é aprisionado no eterno
e podemos então sorver cada segundo
desse milagre chamado vida.

sexta-feira, 9 de março de 2012

FERA


Acuada,
vendida,
vivendo a jaula
que lhe deram,
vai pisando em círculos
o seu sufoco.
Os olhos ainda brilham
o delírio de liberdade
e a possibilidade de ter
uma presa entre os dentes,
ainda é vista,
mesmo que distante.
A aparente calma doméstica
é aprendizado de agora,
que garantirá
no futuro de descuido
o salto onde caça
far-se-á caçador.                                              

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ERUPÇÃO


Tudo vem à tona
como se um vulcão
entrasse em erupção.
Sonhos esquecidos,
sentimentos reprimidos,
pensamentos ocultos,
grito preso ao silêncio,
lágrima amarrada
em nó-de-garganta,
riso aberto...
Tudo vem à tona
e o ar ganha cheiro
de liberdade.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

DISTÂNCIA

Caminhei só...
Até te encontrar.
Hoje caminho acompanhada
mas às vezes olho ao meu lado
e não consigo ver-te.
Quero falar amenidades
mas não te encontro para as respostas;
Quero evitar o desânimo
mas não te encontro para o incentivo;
Quero partilhar sonhos
mas meu abrir de olhos
não mais te alcança.                                                                                        

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DESTINO

Fiz de conta que podia
ter a vida que queria
e me atirei nessa ilusão.
Mas um choro alto, forte
tirou-me todas as armas
vencendo-me por condição.
E se me mato,
ou se prossigo,
já nem tenho decisão,
ao destino fui vendida
refém dessa razão.
O coração já sufocado,
resta vencer a mente sã.
Pois que em demente eu me torne
e venham risos da minha sorte.                                                                                        

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DESPERTAR


A manhã parecia dizer
que aprovara aquele sonho,
parecia querer
suavizar o despertar.
Céu azul,
brisa leve,
sol aquecendo a pele,
brilho nas coisas
e nas pessoas.
Da emoção brotou
sorriso e lágrima.
Minha cabeça em nó
perdeu-se nesse despertar
e a realidade voltou mansa,
senhora de si,
sabendo não correr riscos
de perder seu lugar.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

DESABAFO


Fiquei muda
por um século,
ou um dia,
quem sabe?
Sei que fiquei muda
e o peso das coisas
não ditas
amordaçou meu coração.
Vivi implodindo
por um tempo,
até que uma gota
inverteu o processo
fazendo-me explodir
no desabafo
de lavar a alma
e de transparecer
minhas verdades.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CORAÇÃO-CRIAÇÃO

Quando te levei no ventre
nem te imaginar eu podia,
mas sentia que viria o dia
em que teu sorriso me iluminaria.

Hoje olho e me abobalho
com tuas brejeirices de piralho
e a ternura que sinto então,
tem razões de um coração-criação.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

CONTO DE FADAS


Fecharam as fábricas
de varinhas de condão.
Flores de laranjeiras,
bailes onde grandes relógios
badalavam a meia-noite,
o encanto de jovens príncipes,
como se num passe de mágica
caíram no não tem mais não.
E nesse instante
em que o pé no chão
se faz pesado
e o faz-de-conta
já não funciona,
a vida se faz mais dura
e a questão existencial
parece ser
uma equação
quase sem solução.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CONTEXTO SOCIAL


Risos sem brilho
e sons de lamento
invadem meus ouvidos,
transbordam minha emoção.
Ah! Miséria humana.
Essa miséria me incomoda,
ocupa minhas noites
quando a insônia se deita comigo.
Mulheres sofridas,
crianças desamparadas,
homens sem brio
compõem esse contexto social.
Balanço a cabeça,
tento afastar imagens malditas.
Não consigo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

CONTESTAÇÃO

Brigo hoje
com ansiedade
de quem já não suporta
ausência de soluções.

Vivo a agonia
de olhar à volta
e não perceber indignação
nos meus interlocutores.

Ombros curvados,
fazem uma legião
de mansos
loucos mansos.

Trocam suas almas
pelo pão de um dia,
que lhes será tirado
na manhã do dia que virá.

Vendem seus irmãos,
fecham os olhos,
vestem fantasias
e se amesquinham sempre mais.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CONTAGEM REGRESSIVA

Fico assim - parada.
E já sinto no peito
a dor que há de vir.
A gente vai ficando
no hoje,
pensando no amanhã,
até que tudo seja ontem.
Caminhando ou não,
sabemos que esse existir
será sempre
contagem regressiva.
E vêm as marcas,
rugas, sulcos,
numa pele antes bela
e afável.
E ficamos...
Até que uma bomba atômica
venha nos desintegrar,
venha fazer-nos pó.
E nos perguntamos:
Vale à pena?!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

COISAS DE "PEQUENO PRÍNCIPE"

Quero estar em teus momentos
sejam eles quaisquer
e em pequeninas coisas
fazer nascer teu amor.
O encontro no portão,
o abraço apertado,
a briga sem razão...
Tudo eu quero tanto!
Mas se não puder nem tentar
como poderei te cativar?!
E se não te cativar,
será que ainda assim
me sentirei
responsável por ti?

(Lembranças de Saint Exupéry)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

DIFICULDADES DESSES DIAS

Chove intensamente e o céu é riscado por raios que acendem luzes indesejadas. O vento forte alimenta o medo gestado pela impotência e produz arrepios em corpos encolhidos em cantos de casas inseguras.
A mãe natureza, cansada de “padecer” no paraíso dos humanos, resolveu mostrar-se madastra. Nada mais de ser previsível como no passado. Estações adequadas aos seus perfis? Nem pensar!
O custo de ter muito mais do que pede a essência do existir, faz com que o adocicado sabor dos prazeres tenha um resíduo amargo, aos moldes da sacarina. Nos 3 Ds da vida tecnologizada  o realce fica por contra do cultivo de desequilíbrio, destruição e desmandos.
Vidas são levadas por correntezas ou sepultadas por avalanches de lama. Vidas são ressequidas ao sol em áreas que sofrem síndrome de Saara. Vidas caminham sem rede de proteção na corda bamba da ilusão pós-moderna. Vidas seguem na escuridão de ser criação distante do Criador. 

CHUVA DE PENSAMENTOS

Essa chuva fina
molha minha mente,
germinando sementes
de pensamentos comuns
ou censurados:
O capitalismo
e a fome;
o comunismo
e a liberdade perdida;
o radicalismo
e “deuses” que matam;
a morte
temida na vida;
a vida
perdida na morte...
Minha cabeça molhada
abriga pensamentos
de que tudo é nada,
de eu sou ninguém,
e o hoje,
é apenas o amanhã
de ontem.

CAMINHADA


Aperto o passo,
sigo rastros
de meias verdades.

Busco respostas!
Até onde
devo ir???

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SAUDADE

Dentre os nossos sentimentos todos, a saudade está entre aqueles que mais expõem a nossa impotência diante do poderoso tempo. A vontade de voltar o relógio, o calendário, começa ainda na juventude e nos segue em todo o sempre.
Olhando para trás, vez por outra nos vem a saudade de um tempo em que não percebíamos o tempo. Tempo em que acreditávamos que o futuro era apenas o porvir de sonhos por realizar, sonhos que pensávamos estivem sob o nosso domínio e determinação.
Saudade! Saudade da infância, de certos vizinhos, do tempo da timidez, do tempo da “ignorância”, de uma determinada festa, daquela oportunidade de um desabafo, de um abraço solidário, de uma música especial, do colo de mãe, de determinadas tardes de domingo...
A saudade quando se faz forte move-se em nós de uma forma intensa e às vezes nos faz bem e noutras nos faz mal. Desejada ou não, ela se faz presente em momentos inesperados, despertada por pequenos detalhes. Queiramos ou não, a saudade tem o poder de nos seduzir (com menor ou maior frequência) de forma inevitável.
A saudade como uma espécie de reciclagem do passado abre conclusões e lições para o presente. A saudade sempre vale a pena se vivenciada de forma equilibrada, na medida do aprendizado, do reconstituir da história, abrindo possibilidades de percepções, revisões e retomadas que façam do presente o melhor lugar do mundo.

BUSCANDO VIDA

Percorrer o mundo 
buscando a vida,
querida,
perdida,
a essência,
bem sei...
No passar do tempo
faltou o momento,
supremo,
infinito,
que fosse razão.
Correr ao encalço,
olhar estrelas,
ouvir o vento,
cravar na lapela
uma flor, a mais bela
e tentar viver.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ALIENAÇÃO

Alienação
     Submissão
Caminhos
     Trilhos
Vazios
     Fome
Olhos
     Sombrios...
E os insensíveis
adormecem consciências
com futilidades,
tapando os ouvidos
aos gemidos de fome
que invadem as ruas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

BEIRA MAR


Sol e sal.
O mar quebrando essa tua onda,
fazendo-te lembrar que és mortal;
fazendo-te descobrir razões
para lágrimas e para sorrisos;
trazendo-te sensações de arrepios
e de percepção de beleza à tua volta
e não apenas no espelho.
O sol arde tua pele
colorindo tua existência
e o sal tempera tua alma
nessa metamorfose
em que alcanças outros valores.
E na imensidão
do que agora apreendes
é que te tornas
o mais humano dos humanos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

RASTRO DE VIDA




Esse rastro que é deixado,
pelo amor, pela dor,
mostra traços de uma vida,
mostra traços do que sou.

E seguindo no compasso,
em que me mostro a cada ato,
perco sonhos no caminho
e sigo meu rumo traçado.